O retorno do horário de verão no Brasil está sendo considerado pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveiracomo uma possível solução para enfrentar a atual crise climática. A medida visa contribuir para a economia de energia em meio à seca severa e aos baixos reservatórios hidrelétricos.
Contudo, resta saber como isso afetará o conta de luz dos consumidores. Embora o horário de verão pode influenciar a sua conta de energia, o impacto pode não ser tão significativo quanto o esperado.
Zebedeu Souza, diretor comercial da Matrix Energiaafirma que a adoção do horário de verão pode não garantir uma redução substancial nas despesas com eletricidade. A principal vantagem seria a mudança de hábitos, com mais luz natural no início da noite, o que pode reduzir o uso de lâmpadas.
“A economia de energia gerada pela prática ocorre principalmente nos horários de pico de consumo (entre 18h e 21h), o que afeta mais as redes de distribuição e o sistema elétrico como um todo do que diretamente as residências”, analisa Souza.
O horário de verão É visto como uma ferramenta que pode otimizar a gestão do sistema elétrico, conforme explica um especialista. Com a implementação do horário de verão, é possível reduzir a necessidade de bandeiras tarifárias mais elevadas, o que pode refletir indiretamente na conta de luz dos consumidores.
Ao reduzir o consumo de energia durante a noite, o sistema elétrico tende a funcionar de forma mais equilibrada, diminuindo a necessidade de acionamento de termelétricas, segundo o especialista.
Em setembro, o Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) implementou o bandeira vermelha tipo 1o que adiciona um custo extra de R$ 4.463 todo 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos além das tarifas normais. Embora o horário de verão pode ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema elétrico, Souza ressalta que, durante uma seca severa, essa medida por si só não é suficiente para enfrentar uma crise energética.
Quando o horário de verão voltará a vigorar no Brasil?
O Ministério de Minas e Energia ainda não divulgou decisão definitiva sobre a possível retomada do horário de verão. Num comunicado, o ministério disse que estava “avaliando cuidadosamente as condições” antes de tomar qualquer medida.
Não há sinais de que o horário de verão será implementado este ano, nem de quais estados poderiam ser incluídos. Porém, o especialista Zebedeu Souza destaca que, historicamente, a medida tem sido aplicada nas regiões Sul e Sudeste, onde a variação da duração da luz solar entre as estações é mais significativa. Nessas localidades, o horário de verão pode trazer maior economia de energia, já que os dias são mais longos no verão.
Por que o horário de verão foi abolido?
O horário de verão foi abolido em 2019 por decreto do então presidente Jair Bolsonaro. Na época, uma nota técnica do Ministério de Minas e Energia (MME) indicava que não havia fundamentos econômicos para a continuidade da prática.
O MME explicou na ocasião que a decisão de encerrar o horário de verão, de acordo com o Decreto nº 9.772/2019, foi baseada em análises feitas pelo próprio ministério e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esses estudos inéditos mostraram que a medida já não gerava os resultados esperados, tornando-se desnecessária.
Vantagens de voltar ao horário de verão
Uma pesquisa revela que 43,6% dos entrevistados acreditam que o horário de verão contribui para a economia de energia e recursos. Em contrapartida, 39,9% consideram que a medida não oferece poupança, enquanto 16,4% não têm opinião ou estão indecisos.
Na região Sul, 47,7% da população acredita que adiantar os relógios ajuda a poupar recursos. Em termos de impacto económico, 51,7% dos participantes consideram o horário de verão vantajoso para o comércio e serviços, como lojas e restaurantes. 32,7% não percebem benefícios e 15,4% têm incerteza. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
A eficácia do horário de verão foi reduzida
Especialistas como o professor Luciano Duque observam que os padrões de consumo de energia evoluíram ao longo do tempo. Atualmente, mesmo durante o dia, a procura por ar condicionado e ventiladores é tão elevada que o horário de verão é ineficaz na promoção da poupança de energia.
Segundo Duque, “Vivemos um período de intenso calor, onde o ar condicionado e os ventiladores são os principais responsáveis pelo consumo de energia, superando até mesmo a iluminação e os chuveiros”. Ele reforça que a economia proporcionada pelo horário de verão seria mínima, dada a mudança nos hábitos de consumo de energia.
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