O 13º salário É um dos recursos extras que muitos trabalhadores formais recebem no final do ano, além do salário normal, gratificações e férias. Esse período também traz desafios financeiros, como despesas de Natal, presentes, viagens e amigos secretos, que muitas vezes impactam no orçamento.
Em contraste com o sucesso do 13º salário em novembro e dezembro, o início do ano costuma ser marcado por custos fixos, como IPVA, IPTU e matrícula escolar. Diante disso, surge a pergunta: como organizar e utilizar melhor esses valores adicionais para fazer frente às despesas de final de ano e aos compromissos financeiros de início de ano?
“Planejamento é a palavra-chave. Muitas pessoas se sentem pressionadas a se organizar, torna-se uma atividade chata. Mas a verdade é que não existe uma maneira certa de fazer isso: planilha, diário, outro papel, em bloco de notas. Você precisa reservar alguns minutos para largar a caneta e saber qual é a sua situação financeira neste momento”, diz Caio Alberconi, planejador financeiro da ParMais, consultoria financeira, ao InfoMoney.
Luane Nascimento, professora universitária, já tem um plano para 13º salário e outros recursos extras. Ela costuma direcionar o valor para viagens ou planejamento financeiro para o ano seguinte. Este ano, por exemplo, ela pretende usar parte do abono para quitar as parcelas do apartamento, além de reforçar a reserva de emergência por meio de investimentos, conforme seu objetivo de 2022.
Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV, destaca que, com organização, essa renda extra pode ser uma excelente oportunidade para ajustar as finanças pessoais. Reforça a importância de aproveitar 13º salário para colocar as contas em dia e fazer investimentos.
Celso Ferracini, coordenador de operações da DHL, conta que, em 2019, usou os recursos extras de fim de ano para fazer duas viagens, mas seus planos mudaram em 2020. Ele foi demitido e, ao ingressar em uma nova empresa no final do ano, recebeu um 13º salário reduzido. Porém, para este ano, ele pretende investir todo o valor recebido.
Alberconi, especialista em finanças, alerta para um dos principais desafios do final do ano: a falsa sensação de liberdade causada pelo uso do cartão de crédito. Ele explica que muitas pessoas compram por impulso e sem um planejamento adequado, o que pode prejudicar a saúde financeira no longo prazo.
Como usar o 13º salário de forma consciente?
Faça um planejamento financeiro
Fazer um planejamento cuidadoso antes de gastar o 13º salário é uma recomendação comum entre especialistas. Isabella Brandão, planejadora financeira CFP e sócia da Oikos Consultoria Patrimonial, explica que o objetivo do planejamento não é deixar de consumir, mas sim consumir de forma consciente e estratégica. O 13º salário deverá ser direcionado de forma planejada, considerando os gastos necessários e os débitos a serem pagos.
A recomendação é anotar todos os valores recebidos e despesas previstas. Caso as contas não fechem, é preciso fazer ajustes, reduzindo a lista de despesas e cortando despesas de forma racional, como sugere Alberconi, especialista em finanças.
Embora parcelar compras e viagens possa parecer tentador devido às pequenas parcelas, pode se tornar problemático sem controle. O risco é que as faturas fiquem maiores do que o orçamento permite. Isabella Brandão alerta para a importância de ser realista nas projeções e desejos na hora de elaborar o planejamento financeiro.
Renegocie ou pague todas as dívidas
Ao pensar em como aproveitar o 13º salário de forma eficiente, a primeira dúvida que surge é: por onde começar o planejamento? Ricardo Teixeira, da FGV, orienta que a organização das finanças deve ser feita de acordo com a prioridade das dívidas, começando pelas que apresentam maiores taxas de juros.
Teixeira sugere que, se possível, é fundamental renegociar contas com juros elevados para obter melhores condições. Isabella Brandão, planejadora financeira, concorda com essa abordagem e destaca que, se houver recursos suficientes, quitar as dívidas é ainda mais vantajoso. Ao pagar o valor integral, o trabalhador evita continuar acumulando juros.
Porém, nem sempre é viável quitar todas as dívidas imediatamente. Teixeira lembra que o importante é listar todas as obrigações financeiras, avaliar o valor gasto com juros e, a partir disso, planejar uma organização financeira que se adeque às condições de cada pessoa.
Crie um fundo de emergência
Caso o trabalhador não tenha dívidas, ele pode iniciar seu planejamento pelo passo 3 e ainda utilizar o 13º salário para um objetivo mais longo: construir ou fortalecer seu fundo de emergência. Segundo Ricardo Teixeira, este fundo é essencial para garantir apoios em situações inesperadas, sendo o primeiro passo para a construção de riqueza.
Teixeira explica que acumular recursos é fundamental para avançar nas metas financeiras, como investir ou comprar um imóvel. Para conseguir isso, você precisa economizar de forma consistente, sem gastar excessivamente, e usar seu dinheiro com disciplina.
Especialistas sugerem que o fundo de emergência deve ser suficiente para cobrir entre seis meses e um ano de despesas. Alberconi recomenda que os trabalhadores utilizem parte do 13º salário para reforçar este fundo, sem necessariamente destinar a totalidade para isso.
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