Na última quarta-feira (13) foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a fim do horário de trabalho no modelo 6×1 obteve o número mínimo de assinaturas a serem arquivadas. Agora, cabe Câmara dos Deputados votar a medida.
Dos 513 deputados federais, a matéria precisava do voto favorável de 171 deles para poder iniciar sua tramitação na Câmara. De acordo com autora do projeto, Érika Hilton (PSOL-SP)na tarde desta quarta-feira (13), a PEC havia sido assinada por mais de 206 deputados.
O protocolo foi o primeiro passo de um processo mais longo. Agora, o texto começa a ser discutido entre os deputados, mas pode passar por uma série de comissões dentro da Câmara quem discutirá a medida. Outros deputados também podem trazer alterações ao texto.
Isto significa que quem desejar pode propor alterações à proposta original. Mudando alguns pontos, ajustando as ideias, e a partir daí acontecem novas votações até que o texto seja reformado e enviado ao Senado Federal.
Dentro do Senado Federal, a proposta também pode passar por diversas comissões e, finalmente, ser votada. O último passo é chegar ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A partir daí, será o chefe da União quem decidirá se a medida passa a valer ou não.
Caso Lula seja contra a decisão, deputados e senadores podem fazer uma nova tentativa, além de pressionar o presidente para que concorde com a medida. Porém, tudo precisa ser muito bem explicado, pois há críticos que acreditam fim das empresas com escala 6×1.
Qual é a escala de trabalho no modelo 6×1?
Muitas pessoas estão acostumadas a trabalhar na escala 5×2, onde trabalham cinco dias (segunda a sexta) e tiram dois dias de folga (sábado e domingo). Enquanto na escala 6×1 o trabalhador:
- renderizar serviço por seis dias durante a semana, tendo direito a um dia de folga.
Esse modelo de trabalho em que a folga é garantida em um único dia da semana abrange principalmente os setores de comércio, retalhista, bares, restaurantes, supermercados, transportes e setor público (por exemplo, polícia, hospitais, coleta de lixo e outros).
Isso porque são setores que funcionam todos os dias da semana, ou seja, na escala 7×7. Para os empresários desses setores é importante contar com uma equipe de colaboradores que possa trabalhar até nos finais de semana, mas com direito de tirar um dia de folga uma vez.
O Descanso Semanal Remunerado (DSR) é um direito trabalhista adquirido por todo trabalhador que trabalha com carteira assinada.
O que pode mudar com o fim da escala 6×1?
Admissão com carteira de trabalho assinada dá ao trabalhador uma série de garantias previstas pelo CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Como o salário é igual ao salário mínimo do país ou categoria, é concedido direito a férias, 13º salário e folga semanal.
Agora, a medida criada pela deputada Érika Hilton propõe o fim da escala 6×1, substituindo esse modelo por outro em que a carga semanal é menor.
Os pontos de mudança estão incluídos na proposta, como:
- acabar com a possibilidade de turnos de 6 dias de trabalho e 1 dia de descanso, denominados 6×1;
- alterar o horário de trabalho para um modelo em que o trabalhador teria três dias de folga, incluindo o final de semana;
- o período máximo trabalhado seria de 8 horas diárias e 36 horas semanais;
- a escala seria 4×3, com quatro dias de trabalho por semana e 3 dias de descanso;
“[a PEC] reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexível para os trabalhadoresreconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às exigências de uma melhor qualidade de vida dos trabalhadores e das suas famílias”, argumenta Hilton, idealizador do projeto.
Alguns economistas têm criticado esta medida, devido ao possível aumento dos custos para as empresas. Já foi feita nas redes a sugestão de adotar a escala 5×2 para todos, em que os trabalhadores ganhariam dois dias de folga, não três.
O fim da escala 6×1 poderá acabar com o trabalho no país?
A possibilidade de alterar o tempo total de trabalho semanal gerou uma série de discussões. Alguns trabalhadores CLT usaram as redes sociais para defender a redução da jornada de trabalhogarantindo que eles teriam mais tempo livre “viver“.
Embora empresários e perfis ligados ao setor empresarial tenham demonstrado preocupação com custos. Já que uma jornada de trabalho reduzida pode impactar na redução do faturamento da empresa, bem como no aumento do custo de contratação de novos funcionários.
Por que reduzir a jornada de trabalho seria bom
- A principal defesa do projeto que cria redução da jornada de trabalho é que com mais tempo livre os trabalhadores poderiam se dedicar a: descansar, conviver com a família, investir nos estudos, no lazer, acalmar a mente, etc.;
- Países como a Alemanha, a Bélgica, a França, a Islândia e o Reino Unido têm vindo a adoptar ou a testar a jornada de trabalho mais curta de quatro dias, após terem notado um aumento na produtividade dos funcionários;
- Há estudos que mostram que, ao reduzir a jornada de trabalho e aumentar a qualidade de vida dos trabalhadores, a produtividade tende a aumentar.
Por que reduzir a jornada de trabalho seria ruim
- “As pequenas empresas podem ser gravemente afetadas, com custos operacionais aumentados, o que pode levar a reduções de pessoal ou mesmo ao encerramento de empresas.“, argumenta Pedro Fernando Nery, consultoria econômica, para g1;
- O advogado trabalhista André Luiz Paes de Almeida, mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP, disse à Globo que a mudança poderia aumentar a informalidade dos trabalhadores. Com menos pessoas conseguindo trabalho com carteira assinada.
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